Por competitividade, empresas do país se adaptam à indústria 4.0
Expectativa de executivos é que, em dez anos, 15%
das indústrias atuem no conceito da indústria 4.0
Indústria
brasileira: atualmente, menos de 2% das empresas estão inseridas no conceito de
indústria 4.0
São Paulo
– Passada a fase mais crítica da crise econômica, empresas começam a pôr em
prática planos para se adaptarem à chamada indústria 4.0.
Na visão
de executivos, analistas e do governo, 2018 será um ano de importante avanço de
projetos para o País não ficar à margem do que é considerado a quarta revolução
industrial.
A
expectativa é que, em dez anos, 15% das indústrias atuem no conceito da indústria 4.0, que se dá principalmente
pela digitalização e robotização.
Hoje
as indústrias vivem a era da conectividade, que consiste no surgimento de novas
tecnologias a uma velocidade jamais vista. A Indústria 4.0 surge nesse
contexto.
Hoje,
menos de 2% das empresas estão inseridas nesse conceito, segundo a Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério da
Indústria e Comércio (MDIC).
Esse
porcentual já é realidade na Alemanha, na Coreia do Sul, nos EUA e em Israel, e
cresce anualmente.
“Felizmente,
2018 vai marcar a arrancada da indústria brasileira para a transformação
digital”, diz José Rizzo, presidente da empresa de automação Pollux e da
Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII).
A Pollux, que
em 2017 registrou crescimento de 93% nos negócios, iniciou o ano com aumento
significativo de pedidos de orçamentos de empresas que querem iniciar processos
de digitalização para melhorar a produtividade e a competitividade. Segundo
Rizzo, o custo do processo é mais viável hoje.
Ele cita que o
preço médio de sensores baixou 66% de 2004 até agora, de US$ 1,30 para US$
0,44, e deve chegar a US$ 0,38 em 2020. O custo do armazenamento de dados deve
cair 80%.
Uma das
maiores empresas na área de tecnologia e automação, a ABB espera alta de mais
de 5% na demanda por serviços e produtos.
“Muitas
empresas estão fazendo planos efetivos de automação, digitalização e introdução
da indústria 4.0”, diz Rafael Paniagua, presidente da ABB. Entre os setores
mais avançados estão mineração, papel e celulose, químico, alimentos, bebidas e
eletrônicos.
A sócia para a
área de tecnologia da Deloitte, Márcia Ogawa, diz que a consultoria tem
atendido, em média, dez empresas por mês com encomendas de planos para adotar a
manufatura 4.0.
“Dada a
concorrência internacional, o Brasil precisa correr para se atualizar e fazer
parte do novo ecossistema global.”
Para Márcia, o
temor da perda de empregos com o uso mais intenso de tecnologias avançadas não
pode travar a inovação. “Se fosse assim, ainda estaríamos usando charretes.”
Ela ressalta
que a mão de obra precisa se requalificar e se adaptar, como ocorreu em outros
momentos de rupturas tecnológicas.
Na unidade de
autopeças da ThyssenKrupp em Poços de Caldas (MG), inaugurada há dois anos,
todo o processo produtivo segue o conceito de fábrica inteligente.
O diretor
Roberval Calca diz que a produtividade é elevada e o índice de refugo é baixo.
A unidade produz 700 mil módulos ao ano com 72 funcionários. “Se fosse uma
fábrica convencional seriam necessários 200 trabalhadores.”
Política nacional
O presidente da
ABDI, Guto Ferreira, informa que a entidade vai lançar, em março, a Política
Nacional da Indústria 4.0 com diretrizes para a transformação digital, durante
o Fórum Econômico Mundial, em São Paulo.
“Vamos mostrar
quais serão os primeiros setores a serem apoiados pelo governo”, avisa
Ferreira. “Não tem incentivo fiscal, mas apoio como linhas de financiamento.”
Cálculos da
ABDI indicam que a adoção de conceitos da indústria 4.0 podem gerar economia
anual de R$ 73 bilhões para o setor produtivo com a redução de custos.
A Vale
economizou no ano passado US$ 50,5 milhões em ações como digitalização de
processos e inteligência artificial. “Neste ano, a meta é somar US$ 100 milhões
em economia”, informa o diretor de TI, Gustavo Vieira.
Uma das ações
foi aumentar em 30% a vida útil dos pneus de caminhões que transportam minério,
após a identificação de problemas com uso de sensores.
O grupo tem
400 caminhões e cada pneu custa US$ 70 mil. “Só nessa área deixamos de gastar
US$ 5 milhões.”
Em três
semanas, a Volkswagen vai inaugurar na fábrica do ABC paulista um laboratório
de realidade virtual com foco em processos produtivos. Depois terá um para
produtos.
“Usando
equipamentos especiais será possível entrar no projeto virtualmente”, diz Celso
Placeres, diretor de Engenharia e Manufatura.
Ford e
Mercedes-Benz passaram a usar impressoras 3D no desenvolvimento de peças.As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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